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Está no Portal Evangélico Compartilhando Na Web 18/06/2007

Autoria
A tradição judaica define Moisés como o autor do Levítico. Aliás, define como livros de autoria Mosaica os 5 primeiros livros da Bíblia que, juntos, são chamados de Pentateuco. Entendemos que o texto tomou forma final muito tempo após Moisés. Assim, o que nos parece plausível é que a tradição confirma a autoria mosaica exatamente por conta de uma situação muito corriqueira no mundo antigo: a ausência de direitos autorais sobre o texto final. Normalmente, quem escrevia, ainda que fosse outra pessoa, atribuía a autoria a quem passou o ensinamento, quer por tradição oral, quer por ter deixado alguns escritos que foram ampliados depois com o auxílio da tradição oral ou pesquisa. Se havia alguém que começou a ensinar daquela forma, quem deu forma final ao texto era esquecido como autor e a autoria do texto era atribuída a quem iniciou ou a tradição oral ou a escrever, ainda que de forma muito resumida.

Por isso a autoria de Moisés não é questionada, quer por ele ter começado a contar a história, quer por ele realmente ter escrito algumas das coisas dos textos do Pentateuco, mas é claro que só muito tempo depois dele que o texto tomou forma final.

Data
A data tradicional para o êxodo do Egito está no meio do décimo quinto século a.C. Moisés, se escreveu algo, dificilmente teria escrito algo antes disso! Definimos essa data para o Êxodo por conta do que vemos em 1 Reis 6.1, que afirma que Salomão começou a construir o templo “no ano quatrocentos e oitenta, depois de saírem os filhos de Israel do Egito”. Entende-se historicamente que Salomão tenha iniciado a construção perto do ano 960 a.C., o que dataria o êxodo por volta do ano 1440 a.C.

Com esses dados, entendemos que o texto do Pentateuco foi iniciado por Moisés por volta do ano 1.440 a.C., e encerrado na época do reino, tanto de Davi que incentivou a escrituração dos livros, como de Salomão, que ampliou esse evento. A data exata não pode ser definida, mas está dentro dos 80 anos dos reinados de Davi e Salomão, antes de 930 a.C.

Especificamente no caso de Levítico, que foi a base principal para a definição da Lei (a parte final do Êxodo, Levítico e Deutronômio são os textos fundantes da Lei), podemos datá-lo entre o século XV e XII a. C. E insistimos que, apesar de ter boa parte do texto elaborado, não podemos esquecer que o grande impulso literário em Israel se deu nos Reinados de Davi e Salomão.

Conteúdo
Em hebraico, o o nome do Livro de Levítico significa “E ele chamou”. O título hebraico é tirado da primeira palavra do livro, que era uma forma costumeira de dar nome às obras antigas. O título “Levítico“ é derivado da versão grega da obra e significa “assuntos pertencentes aos levitas”, o que mostra o quanto a atividade levítica poderia ter naquela época uma interpretação maior que apenas os que eram da Tribo de Levi ou que ficavam no Templo (no caso, na Tenda da Congregação e cuidavam das coisas dessa Tenda e de sua locomoção). É fato que os levitas eram os da Tribo de Levi e tinham responsabilidades muito definidas. Mas sabemos também que a atividade levítica é muito mais ampla. Não está ligada apenas à música ou ao cuidado do Templo. Na verdade, levitas são todos. Um grupo possui uma atribuição específica e é chamado dessa forma, mas na prática, nossa vida diante do Senhor e cada atitude e atividade deve levar em conta nosso chamado levítico, pois o próprio livro com esse nome lida muito mais assuntos relacionados à pureza, santidade, todo o sacerdócio, a santidade de Deus e a santidade na vida cotidiana do que apenas com as recomendações a um grupo pequeno chamado de Levitas. A palavra “santo” aparece mais de oitenta vezes no livro.

A teologia do Livro de Levítico liga a idéia de santidade à vida cotidiana. Ela vai além do assunto de sacrifício, embora o cerimonial do sacrifício e a obra dos sacerdotes sejam explicados com grande cuidado. O conceito de santidade afeta não somente o relacionamento que cada indivíduo tem com Deus, mas também o relacionamento de amor e respeito que cada pessoa deve ter com o seu próximo. O código de santidade permeia a obra porque cada indivíduo deve ser puro, pois Deus é puro e porque a pureza de cada indivíduo é a base da santidade de toda a comunidade da Aliança. O ensinamento de Jesus Cristo - ”Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas” (Mateus 7.12) - reflete o texto de Levítico 19.18, “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

Algumas vezes, o Livro de Levítico tem sido encarado como uma obra de difícil compreensão. Entretanto, de acordo com a tradição primitiva, foi o primeiro livro a ser ensinado para as crianças na educação judaica. Ele lida com o caráter e a vontade de Deus especialmente em assuntos de santidade, que os sábios judeus consideravam de importância primária. Eles sentiram que, antes de proceder a outros ensinamentos, as crianças deveriam entender sobre a santidade de Deus e a responsabilidade de cada indivíduo pra viver uma vida santa.

Outro tema principal do Livro de Levítico é o sistema sacrificial. Os holocaustos referem-se ao único sacrifício que é totalmente consumido sobre o altar e, portanto, algumas vezes é chamado de oferta queimada. As ofertas de manjares são ofertas de tributo, feitas a fim de garantir ou manter o favor divino, indicando que os frutos do trabalho de uma pessoa devem ser dedicados a Deus. Os sacrifícios de paz ou das graças são designados para fornecer expiação. O sacrifício pelos erros é empregado para tirar a impureza do santuário. A oferta pela culpa ou oferta de compensação, é preparada para a violação da santidade da propriedade de Deus ou de outras pessoas, normalmente pelo uso de um falso testemunho. Os erros profanaram a santidade de Deus e é exigida uma oferta.

Além dos sacrifícios, o calendário litúrgico tem uma posição significativa no Livro de Levítico. O Ano de Descanso (o sétimo ano) refere-se à emancipação dos escravos israelitas e pessoas endividadas, bem como à redenção da terra (ver também Êxodo 21.2-6; 23.10,11; Deuteronômio 15.1-18). O Ano de Jubileu refere-se ao fato de que as terras de Israel, bem como o povo, pertencem a Deus e não a qualquer indivíduo. As terras, portanto, devem ter um descanso depois de cada período de quarenta e nove anos (Levítico 25.8-17), o que ensina o domínio de Deus, a santidade de Seu caráter e a necessidade da congregação se aproximar Dele com pureza de coração e mente.

Esboço de Levítico
I. A descrição do sistema de sacrifícios 1.1-7.38
Os holocaustos 1.1-17
As ofertas de manjares 2.1-6
Os sacrifícios de paz ou das graças 3.1.17
A Expiação do pecado 4.1-5.13
O sacrifício pelo sacrilégio 5.14-6.7
Outras instruções 6.8-7.38

II. O serviço dos sacerdotes no santuário 8.1-10.20
A ordenação de Arão e seus filhos 8.1-36
Os sacerdotes tomam posse 9.1-24
O pecado de Nadabe e Abiú 10.1-11
O pecado de Eleazar e Itamar 10.12-20

III. As leis das impurezas 11.1-16.34
Imundícias dos animais 11.1-47
Imundícias do parto 12.1-8
Imundícias da pele 13.1-14.57
Imundícias de emissão 15.1-33
Imundícias morais 16.1-34

IV. O código de Santidade 17.1-26.46
Matando por alimento 17.1-16
Sobre ser sagrado 18.1-20.27
Leis para sacerdotes e sacrifícios 21.1– 22.33
Dias santos e festas religiosas 23.1-44
Leis para elementos sagrados de louvor 24.1-9
Punição para blasfêmia 24.10-23
Os Anos do Descanso e do Jubileu 25.1-55
Bênçãos por obediência e punição por desobediência 26.1-46

V. Ofertas para o santuário 27.1-34

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